terça-feira, 23 de setembro de 2014

Castelo de Aljezur



O castelo de Aljezur apresenta uma planta poligonal, na cota dos sessenta e cinco metros, adaptado ao topo da colina onde foi construído, as suas muralhas atingem nalgumas partes um metro e meio de espessura e com alturas variáveis entre os três e os cinco metros. Tem uma única entrada virada a nascente defendida por uma torre maciça de planta semi - circular localizada a nordeste, no extremo oposto e orientada a sul encontra se uma outra torre igualmente maciça mas de secção rectangular.




No espaço interno encontra se um aljibe (cisterna), de planta rectangular, possivelmente de origem Almoada, com abobada de berço e um vão em arco, esta cisterna servia de reservatório de aguas pluviais e era uma estrutura vital para a sobrevivência da população no quotidiano assim como em caso de ataque prolongado. São também visíveis um conjunto de estruturas de planta rectangular ou trapezoidal dispostas perpendicularmente ao longo da muralha que correspondem a um aquartelamento tardo medieval abandonado no século dezasseis. Através de sondagens realizadas sobre estas estruturas foi possível localizar pré existências muçulmanas que correspondiam a espaços habitacionais, é ainda possível observar um importante conjunto de silos que terão surgido da necessidade de conservar os alimentos.




 As escavações arqueológicas realizadas no interior das muralhas do castelo de Aljezur nos anos noventa do século XX forneceram as primeiras informações  acerca da presença humana no cerro onde se ergue o castelo. Essas escavações deram a conhecer a utilização mais remota  que corresponde a um povoamento dos finais da Idade do Bronze datado de 3000 anos atestado por materiais cerâmicos conservados em nível pouco espesso e descontinuo assente sobre um substrato rochoso. Em 2004 sondagens arqueológicas deram a conhecer no lado poente um muro de pedra associado a materiais da Idade do Ferro cuja construção aparenta ser anterior á muralha Medieval permitindo assim colocar a hipótese de que a continuidade da ocupação no cerro do Castelo poder recuar ao período Proto-Histórico.




Do período Romano Republicano o espolio arqueológico é composto de produtos locais alem de produtos importados, provavelmente de origem Itálica, tais como cerâmicas finas de mesa de engobe negro e lustroso do tipo campaniense e de ânforas vinárias  do século segundo a primeiro antes de Cristo.
A presença humana retomou ao topo do cerro do castelo já no período Islâmico cronologicamente datado do século oitavo á primeira metade do século treze .
Do período Islâmico foram registados alicerces de alvenaria que sustentavam muros de taipa adjacentes a habitações que eram por vezes lajeadas, foram ainda descobertos silos escavados no solo que serviam de armazenamento de alimentos. A cisterna do castelo está também associada a este período.




È de tradição local que o castelo foi construído pelos árabes, tradição essa que é reforçada pelo topónimo de origem árabe Al-jazira, a ilha. Este topónimo oferece a informação de que o cerro do castelo já esteve rodeado de agua e que através da ribeira de Aljezur haveria acesso directo ao mar pelo menos até ao século dezesseis.
Durante o período Islâmico a área habitada do cerro do castelo estendia se a nascente e a sul da colina assim como em pequenas zonas dispersas de onde provem um espolio composto por cerâmicas Omiadas e artefactos em metal que estão expostos no Museu de Lagos.
Esta fortificação nos periodos Almoadas e terceiras taifas integrava um sistema defensivo da cidade de Silves, essa linha defensiva integrava os actuais concelhos de Aljezur, Lagoa. Albufeira e o sul do litoral Alentejano.

Adaptação de texto de Dra. Natércia Magalhães
Fotos - José Alberto Ribeiro