quarta-feira, 6 de agosto de 2014

A torre albarrã do Castelo de Paderne




O Castelo de Paderne apresenta uma unica torre albarrã como estrutura de ataque e defesa, o termo albarran de origem arabe " (do árabe "al-barran") e significa que está no exterior ou saliente ao castelo, ou num troço de muralha, à qual se liga, por um passadiço.
Este tipo de estrutura militar foi introduzida pelos Almóadas na península Ibérica, com a primitiva função de constituir uma atalaia (se mais distante) e de reforçar a defesa dos muros através do ângulo assim criado para poder atacar os agressores pelas costas . Junto aos portões de entrada, dificultava o trabalho dos engenhos atacantes, como por exemplo, o dos aríetes. A torre do Castelo de Paderne tem uma forma quadrada com cerca de 5,70m de lado por 9,30m de altura conservada, o seu topo era formado por quatro blocos de taipa que se uniam na sua totalidade, hoje em dia apenas restam três desses blocos. O acesso á torre através do interior do castelo era feito através de uma escada encostada á muralha e dai passavam pelo passadiço aéreo (mata cães) que tem de comprimento 2,90m por 2,80 de largura.
Segundo  Ataide Oliveira na sua monografia de Paderne de 1910, no passadiço existia uma abertura que se designa por mata cães (1) com aproximadamente 1m de diâmetro em formato cónico estando actualmente tapada por pedras e argamassa, esta abertura tinha como finalidade atacar o inimigo colocado sob o abrigo do passadiço e que segundo a tradição oral esta abertura teria funcionado também como forca.




Esta torre tem uma abertura em forma de porta que permitia o acesso ao interior composto por um piso em taipa onde se pode encontrar uma cavidade do lado direito que terá servido para guardar bolas de funda e de catapulta assim como mantimentos. O piso de circulação apresenta vestígios de fogo com várias intensidades, No interior da torre pode se também observar vestigios de uma seteira virada no sentido da ponte sobre a ribeira e com visibilidade para a entrada em cotovelo do castelo, assim como uma segunda abertura que poderá ter funcionado como seteira ou para outro qualquer tipo de maquinaria de guerra.
Aquando das intervenções arqueológicas efectuados no castelo pela arqueóloga Dra. Helena Catarino foi levantada a hipótese da torre ter tido duas fases de utilização ou funcionamento, sendo que numa primeira fase a torre apresentasse um segundo piso em madeira com paliçada de protecção dos arqueiros e que no  piso inferior tivesse três seteiras e que serviria também para armazenamento de materiais de guerra, apresentando vestígios de fogo, Na segunda fase apenas o segundo piso teria sido utilizado . Foi igualmente levantada a hipótese de a torre ter servido como torre sineira uma vez que o Castelo de Paderne foi sede de paroquia.

Adaptação de texto da autoria da Dra. Natércia Magalhães
Fotos - José Alberto Ribeiro

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