segunda-feira, 14 de julho de 2014

A cerâmica Califal no Gharb Al-Andalus - Período Califal

Durante os primeiros séculos de domínio muçulmano o Al-Ândalus recebe uma grande diversidade de influências vindas dos mais diversos lugares Islamizados até então. Esta diversidade da lugar  ainda que lentamente, a uma produção de cerâmica com características próprias, sensivelmente diferente da Romana.
Em meados do século X, essa produção apresentava já características plenamente definidas e uma
grande variedade técnica e ornamental.
A estabilidade politica e a livre circulação de pessoas, mercadorias e técnicas durante a época do califado de Cordoba  contribuiu largamente para a difusão de técnicas que ate então não eram usadas tais como o vidrado na cerâmica. É na segunda metade do século X que se dá inicio á difusão de técnicas de fabrico e produções associadas a uma iconografia claramente Omiada .
Se por um lado nesta fase a cerâmica de fabrico manual não tenha sido abandonada totalmente, por outro lado as cerâmicas de fabrico a torno e as cozeduras oxidantes dominam ja uma actividade ja bastante desenvolvida.
No Gharb al-Ândalus a “imagem de marca" era a decoração com pintura branca. Era aplicada a
quase todos os tipos de peças, normalmente sobre pastas vermelhas mas também sobre pastas claras ou engobadas a vermelho ou castanho, por vezes quase preto.
As cerâmicas de linhas finas dominavam os temas ornamentais, tratavam se de motivos simples dentados ou reticulados assim como fitomorficos, normalmente em conjuntos de três traços afim de formar composições radiais ou em faixas sucessivas.
A técnica do vidrada na cerâmica não se pode atribuir ao mundo Islâmico uma vez que ja era conhecida no período Romano, embora fosse pouco utilizada devido ao seu preço ser bastante alto, no entanto pode se atribuir ao mundo Islâmico a descoberta de técnicas novas e mais baratas que permitiram a sua vulgarização.
É no século X que se assiste a uma grande difusão do vidrado no Al-Ândalus e se desenvolvem técnicas e decoração em combinações bicromáticas e policromáticas. As combinações bicromáticas mais frequentes apresentam motivos geométricos ou epigráficos em preto ou castanho de óxido de
manganés sob um revestimento cor de mel ou sobre branco.
No que diz respeito à técnica de vidrado policromatico, o denominado “verde e manganés”, as primeiras produções deste tipo na Península Ibérica devem ser associadas ao Califado Omíada.
Os motivos associados a esta técnica são muito variados e contêm uma forte carga simbólica, os mais espectaculares são os antropomórficos e zoomorficos mas os mais abundantes são os fitomorficos com diversas representações de palmetas, flores de loto e “pinhas”. São também abundantes as representações de entrelaçados que que simbolizava o “Cordão da Eternidade” e a epigrafia dominada pelos enunciados baraka (bênção) e al-mulk (o poder).

A cerâmica Califal no Gharb Al-Andalus 
Susana Martinez 

Foto - José Alberto Ribeiro  

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