terça-feira, 20 de julho de 2010

Os Trabalhos de Arqueologia

Os trabalhos de arqueologia no castelo de Paderne remontam ao ano de 1987, tendo sido coordenados desde o início por Helena Catarino, numa iniciativa de valorização do património, levada a cabo pela Câmara Municipal de Albufeira.O primeiro estudo foi desenvolvido no ano de 1987 e contou com a colaboração de António Tavares, no que se refere à análise da torre albarrã.A sondagem arqueológica efectuada teve como objectivo específico identificar e definir sequências estratigráficas de ocupação, potências de terras acumuladas, verificação do estado de conservação de estruturas soterradas, e em último lugar avançar com hipóteses quanto a épocas de ocupação e de abandono.No âmbito da realização destes trabalhos arqueológicos, foram encontrados diversos materiais, actualmente, integrados na colecção permantente do Museu Municipal de Arqueologia. Do espólio encontrado, destacam-se as cerâmicas, sendo que as mais antigas são atribuídas cronologicamente ao século XIV, podendo estar relacionadas com produções malaguenhas ou valencianas, metais e espólio osteológico. A segunda campanha de escavações decorreu em 1998. A área intervencionada situou-se na capela e zonas limítrofes com o objectivo de desentulhar o espaço do altar, nave central e sacristia. Do espólio encontrado resultaram materiais como cerâmicas tardo-medievais, faianças do século XVII, e evidentemente os elementos arquitectónicos da ermida.Em 2002 e 2003, foi escavada uma área de 687m2 distribuída por nove sondagens, uma intervenção arqueológica no âmbito do projecto de musealização do castelo, por solicitação da Câmara Municipal de Albufeira, após várias reuniões com a Direcção de Faro do IPPAR, já que a autarquia realizou grandes investimentos no local.A primeira sondagem teve como objectivo a desobstrução da torre albarrã bem como a identificação de vestígios da calçada da entrada do castelo. A segunda sondagem permitiu verificar as fundações exteriores da muralha e desobstruir o exterior de todo o pano de muralha. Seguiu-se a limpeza da barbacã e da muralha à entrada da fortificação. A quarta sondagem viabilizou a identificação de casa com pátio interior e cisterna (Fig.1), junto à capela, sendo que as sondagens posteriores revelaram: uma rua com canalização a desembocar numa abertura da muralha a Sudeste. A sondagem n.º7 foi efectuada para limpeza da entrada da cinsterna e no sentido de permitir a delimitação do pátio pertencente à casa aí existente (Fig. 2).Na oitava sondagem foram identificadas estruturas habitacionais e construções viárias de várias épocas. Refira-se que a rua da sondagem n.º6 está intimamente rlacionada com esta última, encontrando-se no mesmo eixo. Verificou-se, igualmente, que a canalização de drenagem das águas desemboca na muralha, onde existe a respectiva abertura. A última sondagem permitiu avaliar a existência de estruturas habitacionais de casas islâmicas com remodelações cristãs e a determinação de uma nova rua.O espólio proveniente destes trabalhos arqueológicos, avaliado em cerca de 5 500 fragmentos de cerâmicas, 1000 registos de metais e ainda espólio osteológico, este espólio encontra-se em estudo no Departamento de Antropologia da Universidade de Coimbra, sendo que o restante integra, actualmente, o sector de reservas do Museu Municipal de Arqueologia.A última intervenção no local foi realizada durante cerca de seis meses, em 2004, numa área de 350 m2, por forma a dar continuidade às escavações a Oeste e Sudeste da muralha e por forma a permitir uma contextualização histórica dos materiais encontrados.No que se refere à muralha, o objectivo foi a identificação de patologias, a determinação das características físicas e das técnicas construtivas. Em Setembro de 2004, iniciaram-se os trabalhos de restauro das muralhas da fortificação, procedendo-se a ensaios com cubos de taipa e começando-se com as crivagens das terras retiradas da escavação.Embora, actualmente, o castelo de Paderne, seja propriedade do IGESPAR, a Câmara Municipal de Albufeira tem, desde a década de 80 do século passado, colaborado e apoiado os trabalhos de arqueologia desenvolvidos, no âmbito de um projecto de musealização, cujos intervenientes são a entidade de tutla-IGESPAR, a professora Helena Catarino e a CMA.


Fig. 1 - Casa com Pátio Interior e Cisterna



Fig. 2 - Cisterna


Obrigado ao Amigo Pedro Oliveira Pinto

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A Guerra de Fronteira na Reconquista



Durante a reconquista uma das principais formas de guerra entre Muçulmanos e Cristãos foi através de conflitos de fronteira.
Essas hostilidades apareciam sob a forma de Fossados, Algaras e Presurias.
Os Fossados e as Algaras eram as principais actividades bélicas das comunidades fronteiriças.
Estas actividades, quer dum lado da fronteira quer do outro, eram sem dúvida a principal fonte de riqueza e sustento .
As incursões para lá das fronteiras eram campanhas sazonais, pois tinham de ter em conta uma rápida mobilidade, evitando assim o Inverno. Por norma os ataques surgiam nos períodos em que as colheitas já estavam feitas.
O termo Algara define as expedições que eram feitas com o objectivo de pilhar e destruir os campos, tudo isto num curto espaço de tempo. Quanto ao termo Fossado, eram expedições em território inimigo mas de grandes proporções em que já participaria um exército organizado com cavaleiros e peões.
As Presurias eram ataques com ocupação afim de conseguir melhores terras tendo em conta o seu aumento demográfico. Desta forma consegue-se o alargamento de um território de um estado à conta de outro estado inimigo.
Por norma estas ocupações eram bastante limitadas, terminavam quando a comunidade em expansão encontrava um ponto forte de defesa ( torre, castelo ou vila).
Segundo Pedro Gomes Barbosa na sua obra " Reconquista Cristã" a Presuria só era eficaz e efectiva em duas situações :
-Retracção do aparelho defensivo do inimigo, acompanhado pelo abandono de parte significativa da população.
-Ocupação da fortaleza ou construção de uma nova por parte do Rei ou Senhor da terra.

Obra consultada " Reconquista Cristã" de Pedro Gomes Barbosa